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20 de outubro de 2017 - ed. 736

Auditoria em debate
 

O STJ sediou, nessa quinta (19), a abertura do IX Fórum Brasileiro da Atividade de Auditoria Interna Governamental. O evento continua nesta sexta (20). Formado por uma série de palestras e exemplos práticos, o fórum discute a atividade de auditoria interna das instituições públicas federais.

Ferramenta de nivelamento

A primeira palestra da tarde foi “Modelos de Avaliação da Atividade de Auditoria Interna IA-CM”. A palestra foi proferida pela auditora de controle interno da Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF), Liane Angoti. O Modelo de Capacidade de Auditoria Interna (IA-CM) foi criado, entre 2006 e 2009, pelo Instituto dos Auditores Internos (IIA) e promovido pelo Banco Mundial. O modelo de governança foi apresentado e detalhado em seu funcionamento.  

O IA-CM discute e analisa as boas práticas de gestão, planejamento estratégico, gestão de risco e orçamento, entre outros pontos. Segundo Angoti, “a ferramenta traz os fundamentos para que uma auditoria interna atue de maneira efetiva, com resultados”. A avaliação do nível de maturidade da organização no modelo é feita a partir de uma escala de cinco níveis. São eles: inicial, infraestrutura, integrado, gerenciado e otimizado, nível que nenhum país ainda atingiu em sua plenitude.

A palestrante também enfatizou a importância de institucionalizar macroprocessos – grandes processos da organização - referentes a cada nível do modelo. Angoti ressalvou que, por se tratar de uma referência internacional, o padrão pede algumas adaptações.

“É importante lembrar que por ser um modelo internacional referencial, existem particularidades no nosso país que precisam ser consideradas. Vamos particularizar para a realidade do Brasil e vamos dar capacitação e treinamento para que o servidor tenha condições de usar o modelo”, incentivou.

Referência nacional

Nas exposições de Boas Práticas, o controlador-geral do Distrito Federal, Henrique Moraes Ziller, descreveu as “Experiências da Implantação do IA-CM pela CGDF”. “O que orienta a nossa atuação na CGDF é a busca desse modelo de excelência, de qualificação do órgão de controle interno que é o IA-CM”, explicou o palestrante. A implementação começou em 2015, com a capacitação dos servidores, estudo da ferramenta, adoção do modelo e identificação do próprio órgão nos níveis de avaliação.

Mediante a autoavaliação e aos trabalhos realizados para a implementação, a CGDF recebeu um relatório do Banco Mundial em 2016. O documento identificou que mudanças precisavam ser feitas em relação às atividades de inspeção e auditoria.

“Na primeira fase, encontramos os auditores fazendo aquele trabalho de conforto e encontramos uma resistência enorme para aceitar mudanças. Havia um certo descolamento dos auditores da realidade da gestão”, relembrou. Para Ziller, é preciso trazer esse profissional para perto das dificuldades que o gestor enfrenta”.

Depois do momento de resistência, o IA-CM entrou no plano estratégico da CGDF. Desde então, o modelo tem sido desenvolvido visando o avanço do órgão de maneira sólida.

“Vejo a cada dia um trabalho mais maduro. O nosso objetivo é atingir o nível quatro do IA-CM até 2019. Hoje queremos nos posicionar como órgão referência no controle interno e procuramos disseminar essa experiência, porque entendemos que é uma excelente referência para a qualificação das ações de controle interno no país”, concluiu.

Auditoria Contínua na Marinha

O auditor do Centro de Controle Interno da Marinha (CCIMAR), capitão-tenente André Luiz Rodrigues, apresentou o modelo de auditoria contínua que foi implementada na marinha desde o ano passado e vem sendo exercida desde então.

A auditoria contínua consiste em uma técnica que realiza testes utilizando base de dados informatizadas, mediante ferramentas de extração, análise e mineração de dados, com base na avaliação de riscos e controles internos. O modelo apresenta diversas vantagens, como redução de tempo e custo de deslocamento de equipes de auditoria e um maior número de auditorias realizadas. Outra vantagem é reforçar o ambiente de controle.

A auditoria contínua consiste na execução orçamentária e financeira, na folha de pagamento pessoal, no patrimônio e nos gastos com alimentação. Segundo André Luiz, “o método de auditoria contínua se caracteriza pelo efeito pan-óptico, que gera uma sensação de que o gestor está sempre sendo vigiado”, destaca.

O CCIMAR realiza auditoria contínua apenas em algumas áreas, são elas: execução orçamentária e financeira; folha de pagamento de pessoal; patrimônio e gastos com alimentação.

Auditoria é mais parceria

A coordenadora de auditoria do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), Fernanda Costa Guimarães, apresentou a palestra “Auditoria é mais parceria”. O modelo apresentado tem como base aperfeiçoar o papel dos auditores, clarificando as funções e objetivos da auditoria interna, a fim de estabelecer relação característica de cooperação entre unidade auditada e auditores internos.

É citado também que estabelecer rotinas de trabalho acaba adicionando valor e melhorando os resultados prestados no tribunal. Em cinco meses de execução do projeto já foram verificados diversos resultados, como a identificação de oportunidades de melhoria (GEAPS) e a descoberta do papel da AI nas entrevistas com gestores. Outro avanço foi a melhoria da receptividade dos auditores internos pelas unidades auditadas.

Fernanda Costa explica que o papel de contribuição dentro do planejamento do TRE-BA, aprimora a qualificação dos trabalhos de auditoria interna, pois o papel da auditoria é apontar erros e apresentar os respectivos culpados, saneando um risco apresentado.

Opinião do servidor

De acordo com a servidora do Controle Interno do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), Sandra Márcia Silva, deficiente auditiva, “este evento é muito importante, pois todos nós temos que nos comunicar para saber detalhadamente o que os outros órgãos estão realizando”. A servidora destaca ainda que a palestra que mais lhe chamou atenção foi a Auditoria é mais parceria, pois todos têm os mesmos problemas no quesito de auditoria e a parceria é a base para o crescimento profissional. Sandra Márcia acompanhou as apresentações com auxílio de um especialista em Libras contratado para o evento.

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