Quem visita a Seção de Comunicação da Terceira Turma (SEC3T/CD3T) provavelmente ouvirá uma música tocando, pode ser Chico Buarque, Aretha Franklin e, até mesmo, Alcione. O som virá da mesa da servidora Verônica Carriço, uma cantora e amante da música.
“Eu acho que quando eu abri a boca pra falar já fui cantando”, assim Verônica começa contando sua história com o mundo musical. Vocalista da banda Mata Hari durante algum tempo, Verônica passou anos de sua vida dedicada ao rock, posteriormente ao jazz, além de música popular brasileira em um projeto como cantora de rádio.
Começou a cantar em musicais realizados por professores de uma escola de inglês em Brasília. “Como eu já levava jeito pra cantar, eu sempre ganhava o papel principal, ao passo de que a grande maioria cantava no coro”, relembra a servidora.
Formada em publicidade e audiovisual pela Universidade de Brasília (UnB), Verônica ainda passou por diversos trabalhos além de cantora. “Já fiz programa de rádio AM, já trabalhei em agência de publicidade, dei aula em universidade, trabalhei em cartório eleitoral fazendo eleição, já viajei pra Rondônia fazendo campanha política... Freelance de publicidade e marketing eu faço até hoje”, conta.
Mata Hari
Na banda Mata Hari, Verônica se apresentou de 1988 até 2000, quando se mudou pra Cabo Frio. A banda foi fundada por participantes de duas outras bandas, a Mancha e a Meia Grama. “A gente fez shows muito legais, cantou no Crowne Plaza em São Paulo, no Jazzmania no Rio”, relembra Verônica.
“Eu gosto do processo criativo comum, só quem tem banda sabe o que é isso. Às vezes o ensaio é mais divertido que o show, porque a gente ri muito, faz muita bobagem, e nisso a gente vai lapidando a música, aperfeiçoando aquilo”. A cantora revela que no Mata Hari, especialmente, essa realidade era possível, já que toda a produção era conjunta.
A banda também participou do primeiro Porão do Rock, festival que se tornou tradicional em Brasília. Verônica conta que a ideia do evento surgiu entre os músicos que ensaiavam no subsolo de um bloco de esquina próximo Eixinho, na 207 Norte. "O Porão do Rock, quando eu voltei à Brasília, tinha se transformado em um megaevento, internacional e tal, e aí eu falei ‘gente, eu não acredito’”, conta a servidora.
Verônica deixa claro que sua preferência mesmo é ser pertencente a uma banda. “Eu acho que banda é um aprendizado incrível, o aprendizado de dividir, de repartir, de compartilhar, de respeitar o outro, de respeitar a opinião do outro, de você ter que entrar em um consenso. É uma coisa muito legal pra dar uma aparada boa no ego”, confessa a cantora.
Ela é samba
Verônica conta que, morando em Cabo Frio, ela teve bastante contato com outro ritmo musical que já admirava, o samba. “Isso tem outro paralelo com o meu histórico familiar de Cabo Frio, era aquela coisa bem Rio de Janeiro, toda festa tinha violão, cavaquinho, bandolim, percussão, roda de choro, roda de samba, todo mundo cantando. Isso é uma coisa que me acompanha desde que eu me entendo por gente”. A cantora brinca dizendo ser uma roqueira louca por samba, porque quando ouve o barulho da bateria já começa a pular na cadeira.
Capital do Rock
Brasília foi berço de grandes bandas de rock, principalmente nas décadas de 1970 e 1980, sendo considerada a Capital do Rock por muitos. A servidora conta como era este cenário. “Brasília, naquela época que a ditadura militar estava a mil, tinha um movimento criativo cultural muito forte, a gente fazia muita coisa, a gente cavava muitos espaços”, explica.
Verônica ainda faz um paralelo entre o cenário atual e movimentos musicais. “Até àquela época você tinha aquele boom dos movimentos, então teve o tropicalismo, teve o rock progressista e teve o rock Brasília. E eu acho que o que aconteceu desde então é que foi ficando muito diversificado, mais gente, mais influência, o mundo tá muito mais globalizado”, expõe.
Agora, Verônica não canta mais profissionalmente por causa de alguns problemas de saúde na voz. Contudo, não deixa de fazer participações ou cantar com os amigos. O importante é a paixão pelas melodias. “Eu gosto de melodias, de harmonia. Eu gosto de melodias que evoluem”, confessa.
Reportagem: Gracielly Lemos
Fotos: Sérgio Lima e arquivo pessoal
Edição: Fabrício Azevedo