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25 de maio de 2022 - ed. 1853

A herança digital em obra
 

Com o avanço da tecnologia, o direito sucessório sobre contas digitais, conteúdos, acessos e visualizações em meios virtuais vem se tornando um tema cada vez mais recorrente no âmbito jurídico. Nesse contexto, a obra Herança Digital: o direito brasileiro e a experiência estrangeira, de autoria de Fernanda Mathias de Souza Garcia, lançada ontem (24), no Espaço Cultural do Superior Tribunal de Justiça (STJ), busca analisar a atuação judicial e legislativa na solução de conflitos relacionados à transmissão de bens digitais. A obra foi prefaciada pelo ministro Villas Bôas Cueva.

O presidente do STJ, ministro Humberto Martins, destacou que o trabalho é um incentivo à discussão sobre os novos rumos da herança digital, do testamento e do planejamento sucessório no Brasil. “O livro é um convite à positivação do tema ora em debate em nome da segurança jurídica e do dinamismo da ciência jurídica. O novo instituto da herança digital convoca o direito das sucessões a atualizar-se”, disse.

Para o ministro Cueva, mais uma vez, a autora demonstrou aptidão ao examinar um tema novo, de grande relevância e significado prático. “Trata-se aqui do enquadramento da herança digital em nosso ordenamento e no Direito Comparado. A todo momento o livro nos revela algumas surpresas da sucessão mortis causa nesse novo mercado de consumo digital”, observou o magistrado.   

Patrimônio digital

Fernanda Mathias afirmou que a ausência de uma legislação específica sobre o tema traz um grande desafio aos operadores do direito. Para a autora, a obra é apenas "um grão de areia no oceano” e o tema é atual e instigante. “A herança digital é de fato um problema que chegará a esta Corte, porque o destino dos nossos dados não está regulamentado. O Código Civil resolve apenas parcialmente a questão”, apontou a assessora do gabinete do ministro Cueva.

Com linguagem didática e direta, o livro aborda o tema como uma realidade que não pode retroceder. O estudo parte da normativa do direito sucessório brasileiro, com foco no sujeito de direito sob o qual gravita o sistema e os bens arrecadados ao longo da vida on-line. A obra discute a existência, ou não, de parâmetros atuais suficientes no Brasil para dar destino aos bens virtuais, alertando que o direito sucessório positivado no Código Civil de 2002, não prevê soluções para lidar com a atual revolução tecnológica.

Também estiveram presentes no evento as ministras Laurita Vaz e Assusete Magalhães; os ministros Raul Araujo, Gurgel de Faria, Moura Ribeiro, Sergio Kukina e Reynaldo Soares da Fonseca; os ministros aposentados do STJ, Cláudio Santos e Aldir Passarinho Junior; os ministros aposentados do STF, Marco Aurélio de Mello e Carlos Velloso; o desembargador aposentado do TRF da 1ª Região, Carlos Fernando Mathias de Souza, pai da autora; o ministro do TSE Carlos Bastide Horbach; além de outras autoridades.

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