No Dia Nacional e Internacional da Síndrome de Down, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) homenageia os colaboradores contratados por meio da parceria firmada há sete anos com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Distrito Federal (APAE/DF). Hoje você vai conhecer o dia a dia do Daniel Félix Mendonça, de 27 anos, auxiliar de higienização na Comissão de Acessibilidade e Inclusão (ACI).
Daniel Mendonça é formado pelo Programa de Conservação de Bens Culturais da UnB, um curso estruturado pela Universidade de Brasília com a APAE-DF. Neste vídeo, Daniel mostra o processo de higienização do acervo bibliográfico do STJ, realizado por ele e por outros dois integrantes da APAE-DF e colegas, como Guilherme Feliciano Andersen, 34 anos. Daniel trabalha no STJ desde 2019 e Guilherme está no Tribunal desde o início do projeto de conservação do acervo assinado com a APAE-DF, em 2015.
Trabalho de qualidade
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem um contrato com a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais do Distrito Federal (APAE) que trouxe 14 pessoas com a síndrome para trabalhar na Casa. Ele existe desde 2015 e atualmente é coordenado pela Comissão de Acessibilidade e Inclusão (ACI), que tem como missão garantir inclusão e igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência.
O contrato foi renovado em 2020 e, com muita dedicação e disciplina, o grupo integrado por oito pessoas higieniza cerca de quatro mil livros por ano. Além dessa função desempenhada na Comissão de Acessibilidade e Inclusão em conjunto com a Secretaria de Documentação (SED), outros quatro colaboradores com deficiência intelectual – sendo dois com síndrome de Down – atuam na estrutura administrativa da Corte.
Wallace Gadêlha, servidor da ACI, esclarece que o trabalho executado por eles revela muita qualidade e dedicação. Nosso contrato se alinha com as práticas de inclusão, acessibilidade e sustentabilidades adotadas no Tribunal da Cidadania”, afirma.
Teoria e prática
A Síndrome de Down foi diagnosticada pela primeira vez em 1866, pelo médico inglês John Longdon Down. Anos mais tarde, a causa da síndrome foi identificada: um erro na divisão celular do cromossomo 21, chamada trissomia, que faz com que o bebê nasça com 47 cromossomos em vez de 46.
A neurologista pediátrica Mayara Coelho, especialista que atua na área, destaca que as pessoas com essa condição têm diversos marcadores característicos. “Entre eles, estão déficit cognitivo e dificuldades para aprender, baixa estatura e olhos oblíquos com linha ascendente e dobras nos cantos”, menciona. Outras características comuns são as mãos pequenas e os dedos curtos, hipotonia (falta de tônus muscular) e dobras de pele na parte de trás do pescoço; Down tem, ainda, várias doenças correlatas, como diabetes, tendência a obesidade, e deficiências auditivas e visuais.
A médica observa que, nas últimas décadas, houve grande melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. “Intervenção precoce, acompanhamentos periódicos e dietas especiais ajudam muito”, observa Mayara. Ela considera que hoje a expectativa das pessoas com Down pode passar dos 60 anos e muitas têm vidas independentes e produtivas. “Programas de educação direcionada e terapias educacionais têm possibilitado isso”, completa.
Vania Marcia Mota Rios, professora do Centro de Ensino Especial 2, localizado na Asa Sul e especializado em alunos com necessidades especiais, aponta que vários desses alunos têm muito potencial. “Fazemos uma anamnese e preparamos um plano de educação segundo a capacidade do aluno. Atividades como musicalização e exercícios para melhorar a coordenação motora ajudam muito as pessoas com Down”, garante. Com um esforço extra, muitos podem ser alfabetizados e avançar academicamente. Atividades físicas, como natação, também ajudam muito, especialmente para ganhar mais tônus muscular, salienta a docente.
Veja aqui a Cartilha do Ministério da Saúde sobre a síndrome.