Em 2018, bancos que operam no Brasil perderam mais de R$ 3 bilhões em fraudes cometidas via internet. O país já é o segundo em número de cibercrimes no mundo. Para ajudar os servidores a proteger suas informações pessoais e profissionais, foi realizada a palestra Segurança de Dados Bancários, no Auditório Externo do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação, resultado da parceria entre a Secretaria de Segurança (SSE) e a Polícia Federal (PF), foi apresentada pelos agentes Erik Siqueira e Fábio Augusto Marcorim, do Serviço de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF.
O crime invisível
Erik Siqueira apontou que os crimes cibernéticos são invisíveis. “Muitas vezes não se sabe quem cometeu; a vítima demora a perceber e é cometido sem violência. Isso dá menos visibilidade, mas são delitos com um poder de dano cada vez maior”, alertou. Segundo o agente, ainda falta um arcabouço legal para punir os fraudadores virtuais e apoiar as ações da polícia, o que dificulta as ações de repressão. Segundo ele, os cibercrimes estão se tornando cada vez mais sofisticados para fugir da lei.
Outro problema é a transnacionalidade, já que o criminoso pode estar em outro país e os dados roubados em um terceiro local. “No Brasil, o golpe mais comum é o bancário. Há várias modalidades, como quitar contas para outros por um valor mais baixo, o que é usado para lavar dinheiro”, disse. Siqueira ressaltou também a mudança de abordagem adotada pela Polícia. Em vez de investigar e abrir processos pelo endereço da vítima, faz-se pelo IP do fraudador, o que foca as ações no criminoso. Segundo o agente, a PF tem várias ferramentas para encontrar os vínculos entre os golpes, o que facilita as ações.
Os golpes
A palestra de Fábio Augusto Marcorin apontou diversos golpes e as ações de prevenção. “Os cibergolpistas usam ‘engenharia social’. Eles conseguem informações das vítimas, ganham a confiança e depois dão o golpe”, explicou. Para o palestrante, numa era de superexposição em redes sociais, a inexperiência e ingenuidade das pessoas facilita a vida dos delinquentes. “Entre os golpes mais comuns estão o do romance virtual, a do sequestro de e-mail e golpes em e-commerce”, exemplificou.
Marcorin disse que muitos e-mails são infectados com os chamados “cavalos de Troia” que enviam dados do usuário para os fraudadores. “Outro golpe é convencer a pessoa a depositar ou negociar diretamente bens em compras de e-commerce ou clonar anúncios e ficar com o dinheiro ou o produto”, afirmou. No caso do romance virtual, são comuns pedidos de dinheiro emprestado ou o cometimento de atos ilegais sem o conhecimento da vítima.
Proteja-se
Entre as precauções, o agente da PF sugere que as pessoas mantenham suas mídias sociais abertas apenas para amigos e parentes. “Se quiser um perfil do Facebook ou uma conta do Telegram ou do WhatsApp para divulgar algo para o público, mantenha-os separados das páginas pessoais”, aconselhou.
Outra recomendação é não fazer negociações de valores altos sem ver o bem antes. Obedecer às regras do site de e-commerce também é importante. “No caso dos romances, peça para ter uma conversa em videochat antes de ir mais adiante, ou uma foto da pessoa com um jornal do dia, no local em que ela está”, falou.
Usar o antivírus e mantê-lo atualizado ajuda. “Não é uma proteção perfeita, mas ajuda bastante”, apontou. Por fim, ele orientou a criar senhas fortes. “O ideal é combinar números, símbolos e letras maiúsculas e minúsculas. Não use datas ou números de telefone. Também não é aconselhável usar a mesma senha para várias plataformas diferentes”, finalizou Fábio Augusto.