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24 de junho de 2019 - ed. 1135

Não caia nos golpes virtuais
 

A tecnologia trouxe muitos benefícios à vida moderna, mas também apresenta desafios – entre eles o de evitar golpes aplicados por criminosos que se utilizam dos novos recursos para enganar as pessoas e obter diversas vantagens. Para não correr o risco de ser enganado e prejudicado pelos golpistas, é preciso estar atento a algumas recomendações.

Entre os golpes virtuais que acontecem com maior recorrência, a secretária de Segurança, Tatiane da Costa Almeida, destacou os crimes relacionados com compra e venda de artigos. O comércio virtual tem crescido e chamado a atenção dos criminosos para as oportunidades de se aplicarem golpes.

“Temos a tendência de achar que podemos confiar em pessoas que conhecemos virtualmente da mesma forma que ocorre em uma interação face a face. No entanto, não é porque se tem uma fotografia ou se conversa com alguém via WhatsApp que aquela pessoa realmente existe. O mesmo vale para os documentos enviados em ambiente digital. A regra, infelizmente, é sempre desconfiar de pessoas que se conhecem nas redes sociais”, alerta Tatiane.

Segundo Tatiane, a recomendação é tomar algumas precauções com esse tipo de negociação. Um desses cuidados é esperar, por exemplo, que um depósito seja efetivamente realizado antes de entregar o objeto que está à venda. Também não se recomenda o envio de documentos pelas redes sociais, porque os fraudadores podem utilizá-los para aplicar outros golpes.

“Não acredite em um simples documento enviado, porque é muito fácil fraudar um comprovante. É preciso desconfiar sempre de quem está com muita pressa durante uma negociação e também de preços que estão muito abaixo da média do mercado. É sempre melhor fazer um bom negócio a agir de forma apressada e ter prejuízo”, alertou Tatiane.

Duplo anúncio

A Delegada da Polícia Civil Isabel Lopes explicou que dois golpes virtuais têm ocorrido com mais frequência no Distrito Federal. Um deles é o chamado golpe do duplo anúncio de plataformas de classificados, no qual alguém coloca um artigo à venda – em geral um veículo ou uma moto – e um falso interessado pede mais informações, incluindo o pedido de fotos adicionais. Com essas informações, o golpista faz um outro anúncio do mesmo produto, só que com o preço, em média, 20% abaixo do praticado pelo mercado.

“O estelionatário entra como intermediador entre o verdadeiro vendedor e o interessado, e pede um valor como depósito, geralmente em uma conta de um estado da Federação diferente daquele onde estão os envolvidos. Quando o verdadeiro vendedor e o interessado se encontram para a entrega do bem, percebem que caíram em um golpe e que todo o dinheiro foi depositado na conta de um terceiro que jamais apareceu e apenas clonou o anúncio”, esclareceu Isabel.

Para evitar o golpe do duplo anúncio, é preciso desconfiar quando o interessado que aparecer para ver o objeto for diferente daquele com quem se está realizando a negociação. Também vale a pena verificar se não existe na plataforma outro anúncio em que seja vendido produto semelhante.

“Temos uma parceria muito boa com a OXL, que é onde acontece mais esse tipo de ocorrência. Dentro dessa plataforma existe um local de denúncias de sites e anúncios fraudulentos. Nesses casos, o ideal é comunicar a situação imediatamente à plataforma, para que a oferta seja removida e se registre a ocorrência com todos os dados possíveis para viabilizar as investigações”, recomendou a delegada.

Clonagem

Em relação ao golpe de clonagem do WhatsApp, o procedimento pode ocorrer de duas formas. Em uma delas, o golpista consegue, por meio de um documento falso, obter um SimCard com a linha da vítima. “A partir do momento em que consegue esse código e ativa o WhatsApp na linha vinculada, o golpista tem acesso à agenda, assume a identidade da vítima e começa a pedir dinheiro para os contatos a título de emergência”, afirmou Isabel.

Outra forma de fraude ocorre quando falsos funcionários de uma empresa com qual a vítima realiza um negócio entram em contato, por meio dessa ferramenta, para obter dados. “Os fraudadores se passam por funcionários e ligam para pedir uma senha de acesso enviada para o celular da vítima – o que, na verdade, é uma forma de conseguir acesso para habilitar esse software em outro aparelho”, afirmou a delegada.

Ainda em relação ao WhatsApp, o agente da Polícia Federal Erik Siqueira recomenda ativar a configuração em duas chamadas do dispositivo. “A melhor forma de mitigar golpes relacionados com as vulnerabilidades das operadoras telefônicas é configurar esse método de autenticação. Poucas pessoas usam essa metodologia, que pode evitar que um criminoso utilize seu WhatsApp para pedir empréstimos ou depósitos de dinheiro”, explicou.

Fraudes bancárias

A Polícia Federal também desenvolve investigações de fraudes bancárias eletrônicas cometidas contra instituições públicas. Por meio de um projeto chamado Tentáculos, a Polícia Federal busca mapear as principais organizações que realizam esse tipo de crime. Segundo Erick, a principal forma de evitar os golpes é entender quais são os procedimentos adotados pelo banco.

“Os criminosos elaboram muito bem os golpes para passar uma imagem lícita, como se fosse a instituição financeira. Recentemente, recebi uma ligação na qual diziam ser do meu banco, perguntaram se fiz uma determinada compra e pediram o número do CVV do meu cartão de crédito. Naquele momento, tive certeza de que era uma organização criminosa, porque nenhum banco pede o seu código de segurança. O principal método de prevenção é saber que o banco não manda boleto, SMS ou mensagem de WhatsApp”, concluiu Erik.

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