Considerada uma das discussões mais desafiadoras na esfera arbitral, a arbitragem coletiva societária é tema de debate em seminário realizado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), nessa segunda-feira (6). O evento tem a coordenação científica do ministro Villas Bôas Cueva e do professor Márcio Souza Guimarães. Além da participação presencial na sala de conferências do STJ, os debates podem ser assistidos no canal do tribunal no YouTube.
Na abertura, o presidente do STJ e do Conselho da Justiça Federal (CJF), ministro Humberto Martins, destacou que o desenvolvimento do sistema de arbitragem no Brasil está inserido em um cenário legal de incentivo aos meios alternativos de solução de conflitos.
"O próprio Código de Processo Civil de 2015, batizado de Código Fux, veio ampliar, no ordenamento infraconstitucional, a democratização da solução de conflitos, referindo-se, em vários dispositivos, aos meios alternativos disponíveis para a solução de litígios", assinalou Humberto Martins.
Ao discursar, o ministro Villas Bôas Cueva afirmou que a arbitragem possui uma história de sucesso no país e chamou atenção para a atuação do STJ em prol do fortalecimento do instituto.
"O STJ desenvolveu uma jurisprudência conceitual e muito atenta à arbitragem e, invariavelmente, mantendo a higidez dos procedimentos arbitrais. A Fundação Getulio Vargas, do Rio de Janeiro, aponta, em um estudo preliminar, que, em 99% dos casos que chegam ao STJ, a arbitragem é mantida", ressaltou o ministro.
A abertura contou, também, com a presença da ministra aposentada Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Debates sobre matérias atuais da arbitragem coletiva societária
A programação do seminário Arbitragem Coletiva Societária contempla reflexões sobre temas como a confidencialidade da arbitragem, a questão da coisa julgada e os efeitos da decisão arbitral.
Na palestra inaugural, o professor Kazuo Watanabe discorreu a respeito dos principais desafios para a tutela dos interesses individuais homogêneos no âmbito da arbitragem coletiva que, segundo o especialista, possui legitimidade mesmo sem a edição de lei específica.
"Negar totalmente a possibilidade de tutela coletiva, seja na área da justiça privada, seja na área da justiça estatal, será afrontar o direito de acesso à justiça, em um sistema eficaz e completo de tutela efetiva, tempestiva e adequada contra qualquer lesão ou ameaça a direitos", observou.
Na sequência, três painéis trazem discussões com a participação de especialistas. A primeira rodada de debates, sobre o tema "A Confidencialidade da Arbitragem Coletiva e o Direito de Informação e Fiscalização dos Acionistas de Cias. Abertas", tem a mediação do ministro do STJ Paulo de Tarso Sanseverino e a participação dos professores Nelson Eizirik e Márcio Souza Guimarães, e da advogada Eleonora Coelho.
A discussão seguinte aborda o tema "A Arbitragem Coletiva à Luz da Litispendência e da Coisa Julgada", com a mediação da advogada e professora Juliana Loss e as exposições dos juristas Flávio Luiz Yarshel, Paula Forgioni e Osmar Paixão Côrtes.
O encerramento fica por conta do painel "O Efeito Erga Omnes da Arbitragem Coletiva", mediado pela ministra aposentada Ellen Gracie, do STF, tendo como debatedores os professores Peter Sester, Ana Frazão e Ana Luiza Nery.