A campanha Saúde sem Tabu – Conversar é saudável, promovida pela Secretaria de Serviços Integrados da Saúde (SIS), chega ao último tema do ano, com o movimento Dezembro Vermelho, que fala sobre a prevenção da aids, causada pela contaminação com o vírus HIV. Em adesão, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ilumina, neste mês, a sua fachada na cor da campanha.
Neste período, a SIS arrecadou 125 cestas básicas e doou para duas instituições de caridade: a Fraternidade Assistencial Lucas Evangelista (Fale), que atende pessoas com o vírus HIV/aids ou doenças incuráveis, e a Associação de Assistência ao Tratamento de Pessoas com Câncer (Astropec), que atende pacientes oncológicos em situação de carência.
Uma das pessoas atendidas pela Fale é Isabel Cristina Guimarães, de 61 anos. Ela é portadora do vírus HIV e reside na Fraternidade há 11. Na época em que foi contaminada, Isabel era usuária de drogas.
“Eu já fumei maconha, já usei cocaína e tudo que você pensar de drogas, e olha onde eu parei. Eu fui contaminada por compartilhamento de seringa. Quando eu estava lá, não me importava com nada, aplicava em qualquer lugar. Eu cheguei ao fundo do poço por não ter alguém para me dizer ‘não faz isso, isso é errado”, relembra.
Um sopro de empatia
Isabel conta que, ao descobrir que estava com o vírus, apenas um irmão manifestou preocupação com ela. Por isso, nos primeiros momentos da doença, ela não teve apoio e sofreu muito preconceito. “O preconceito existe mundialmente; em todo o planeta existe preconceito de cor, de raça, de doença... E não deveria ser assim. O ser humano deveria ser mais unido para ajudar o próximo”, desabafa.
O acolhimento só veio quando ela se mudou para a Fale. Pouco tempo depois, casou-se com a pessoa com quem vive há nove anos. Entretanto, ela ressalta que as pessoas precisam ter mais empatia com aquelas que passam por problemas de saúde. “Durante o tratamento, nos sentimos fragilizados. Por isso, é importante que as pessoas fiquem mais próximas de nós, procurem dar conselhos e ajudar. Quando eu cheguei na Fale, eu pesava 32kg, não andava, não falava, não fazia minha higiene. Hoje eu faço tudo. Graças a Deus, consegui um parceiro maravilhoso. Agradeço o companheirismo que existe neste lugar. Todo mundo cuida de todo mundo, e o preconceito não existe”, agradece Isabel.
Um alerta a todos
A Fale acolhe pessoas de diferentes idades, incluindo crianças e adolescentes. No local, eles são orientados sobre os perigos existentes no uso de drogas e no sexo desprotegido.
“Hoje acontecem mais coisas ruins com os adolescentes do que com os adultos. Existe muita propaganda, e manifestações, mas não explicam de verdade o que deve e o que não se deve fazer”, analisou a idosa.
Ela utiliza como exemplo o seu casamento, por precisar usar preservativo em todas as relações sexuais, para não contaminar seu marido, que não é soropositivo. “As pessoas inventam um monte de desculpas para não usar o preservativo, mas sabem o quanto essa decisão pode fazer mal a elas”, comentou.
Para Isabel, é preciso ficar alerta sobre todas as formas de contaminação do vírus. “Não é só em relações sexuais que você pode pegar HIV. A transmissão pode ocorrer no dentista, na manicure ou na esteticista. Você deve observar os profissionais retirando os instrumentos da embalagem, vê-los fazendo a esterilização; na manicure, cada pessoa precisa ter seu alicate. É importante, porque nesses objetos podem ter o vírus. É um bichinho ‘safadinho’ que ninguém vê, mas pode fazer um estrago na vida da pessoa. Eu digo por experiência própria”, frisa.
Por outro lado, ela garante que abraços, carinho e afeto não transmitem o vírus, mas podem ajudar alguém que está necessitando desse apoio. Por isso, é essencial a realização de exames periódicos e, ao mesmo tempo, conversar e ajudar quem precisa de conforto.
“A única coisa que posso falar, de coração aberto, principalmente aos adolescentes, é: cuidem-se! Saibam quem são seus parceiros, de onde vieram, como foi a vida pregressa deles. Balada é bom, é ótimo, mas tem que ter cuidado, porque o mundo cobra, e cobra muito caro”, finaliza.
No STJ
Muitas ações foram realizadas no Tribunal durante a campanha Saúde sem Tabu – Conversar é saudável, que começou com o Setembro Amarelo, contemplou o Outubro Rosa, o Novembro Azul e, agora, o Dezembro Vermelho. Todas as ações tiveram como objetivos conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidar da saúde e vencer tabus como preconceito e falta de informação.
Um dos símbolos da campanha, a Árvore da Vida, está na Praça do Servidor e na intranet durante todo o período e permanecerá até o fim deste mês. Nela, todos podem escrever textos, mensagens e depoimentos para pessoas que necessitam de apoio em situações físicas e psicológicas.
A Árvore na intranet está na parte superior da tela inicial, sendo representada pela cor vermelha, em apoio ao tema do mês. Faça sua parte! Distribua carinho e empatia a todos neste fim de ano.
Mais informações podem ser obtidas com SIS, nos ramais 9277 ou 9278.