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13 de setembro de 2019 - ed. 1194

Uma história com final feliz
 

Hoje, Maria Solange de Brito pode afirmar que conhece praticamente toda a história de 30 anos do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Durante quase três décadas, em que ela trabalhou no Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos (LACOR/SED), milhares de livros e documentos históricos passaram pelas suas mãos, como os da família Real e o rascunho da segunda Constituição Federal. Após se dedicar tanto tempo à preservação do acervo histórico e cultural da Casa, Solange agora se despede para desfrutar a aposentadoria.

A servidora ingressou no órgão em 1991, quando estava grávida da primeira filha, e conta que, na época, o setor se resumia à limpeza e acondicionamento de livros. Após retornar da licença-maternidade, ela se deparou com o projeto de criação do núcleo de preservação que, mais tarde, agregaria novas atividades e seções. Ao receber a missão de cuidar do acervo documental, bibliográfico e museológico do órgão, a servidora, formada em matemática, lembra que sabia muito pouco a respeito do ofício de restauração.

“Comecei basicamente do ‘zero’. Precisei fazer muitos cursos profissionalizantes pelo Brasil afora (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Foi uma experiência incrível! Compreendi que a essência do nosso trabalho é prolongar a vida dos materiais, dar condições para que eles permaneçam cumprindo a função para o qual foram concebidos, pelo maior tempo possível, minimizando os fatores de degradação”, afirmou.

Vida longa às informações

Solange explica que a LACOR atende vários tipos de itens informativos da Corte: administrativos, judiciais, funcionais, fichas financeiras, fotografias, filmes, documentos magnéticos (fitas de rolo), sons, tecidos, entre outros. Um verdadeiro universo de informações sob a vigilância constante da unidade que protege o acervo institucional de “inimigos” como a umidade, temperatura, poeira, luminosidade, gravidade e demais condições adversas. Hoje, o STJ possui cerca de 7,5km de documentos salvaguardados.

Um trabalho minucioso que exige paciência, dedicação e pesquisa. “Muitos problemas acontecem porque cada material é diferente e requer atuação diferente”, ressalta a colega. Solange afirma ainda que a atividade é tão complexa que, não raro, é preciso recorrer a profissionais de outras áreas. “Estamos sempre buscando parcerias com químicos, biólogos, historiadores, bibliotecários, arquivistas, botânicos, além de outros restauradores. Todos conversam entre si; é uma atividade de muita pesquisa”, reforça.

A unidade da servidora também presta assessoria técnica a outros órgãos (principalmente da justiça) que não possuem laboratório de conservação documental. Além disso, é importante frisar que, atualmente, a Biblioteca Oscar Saraiva conta com mais de 200.000 títulos de volumes, entre livros e periódicos, que estão sob os cuidados da LACOR. “Por mais que você dê todas as condições para qualquer material, o natural é ele se degradar”.

Planos futuros

Após 28 anos de Casa, Solange se recorda, em especial, de dois fatos que marcaram sua trajetória profissional. Em 2004, a servidora promoveu a exposição Da Pedra ao Papel – a evolução do suporte na escrita, que destacou a importância da escrita na evolução da humanidade. O evento envolveu todo o STJ. “Foi por meio desta mostra que a maioria dos servidores da LACOR estão aqui hoje”, lembra. Outro fato marcante na sua memória foi em 2011, quando proferiu a palestra Livros Raros: requisitos para identificação.

A restauradora ainda confessa seus planos para a aposentadoria: “quero voltar a fazer canto erudito na Escola de Música de Brasília (EMB) e dança contemporânea (antigas paixões). Pretendo também ministrar aulas de reforço de matemática e física”.

Solange deixa para o Tribunal seu legado técnico (pesquisas e descobertas na área de preservação documental e bibliográfica) e sua paixão pelo ofício. “Deixo os melhores anos da minha vida aqui, o tempo precioso que deixei de ficar com meus quatro filhos para me dedicar ao trabalho de pesquisa. É um campo excelente para se explorar, você aprende e o órgão também”. Por outro lado, a servidora falou que leva do STJ a realização de um sonho (LACOR), as amizades e a sensação do dever cumprido.

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