Em comemoração ao Dia Nacional dos Surdos, o Superior Tribunal de Justiça homenageou seus 155 colaboradores deficientes auditivos que auxiliam nos trabalhos da Secretaria Judiciária. O evento contou com a presença da ministra vice-presidente, Maria Thereza de Assis Moura; do diretor-geral, Lúcio Guimarães Marques, e do secretário-geral da Presidência, Zacarias Carvalho Silva, entre outros convidados e autoridades.
A ministra afirmou que é preciso reconhecer a contribuição dos colaboradores surdos às atividades da Corte ao longo de quase dez anos. “Graças ao esforço e à dedicação de todos vocês, foi possível converter o sonho do processo eletrônico em realidade”, declarou.
Os colaboradores surdos realizam atividades importantes no fluxo processual do STJ, tais como a digitalização de processos (atividade pioneira), a extração de resumo indicativo dos recursos e o cadastramento de partes e advogados, conforme padrões estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Maria Thereza de Assis Moura enfatizou também que os números mostram a grandeza do trabalho realizado por esses colaboradores.
“Milhões de páginas digitalizadas, centenas de milhares de processos virtualizados... Tudo isso possibilitou ao STJ transformar-se rapidamente no primeiro tribunal do país a ter o seu acervo de processos em formato eletrônico. Hoje, 99% das ações e recursos tramitam eletronicamente”, destacou a vice-presidente.
Heróis anônimos
Durante o evento, foi exibido um vídeo com depoimentos de servidores e demais colaboradores sobre a experiência de fazer parte desse processo de inclusão, apoiado pelo Tribunal desde 2009.
O titular da Secretaria Judiciária, Antonio Augusto Gentil, lembrou que a comemoração do Dia Nacional dos Surdos já faz parte do calendário do STJ e é uma forma de homenagear “heróis anônimos, que trabalham em silêncio e contribuem decisivamente para a construção da imagem institucional do STJ”.
Segundo ele, “são profissionais que têm um diferencial competitivo, que possuem um alto poder de concentração e disciplina, e isso explica o sucesso do projeto”.
Parceria de sucesso
Uma história que deu certo, iniciada em 2009, quando o STJ assumiu o compromisso de contratar pessoas com deficiência auditiva para auxiliar nas atividades da Casa. Neste ano, foram contratados 63 colaboradores para trabalhar na digitalização de processos. O primeiro passo foi vencer a barreira da comunicação e, para isso, o Tribunal contratou tradutores, que facilitam o diálogo entre servidores e colaboradores.
“A partir do momento em que eles aprendem, passam a executar a atividade com maestria, com toda capacidade”, garantiu o chefe da Seção de Virtualização de Petições e Processos, José Ramos.
A experiência do Tribunal em inserir deficientes auditivos no mercado de trabalho fez com que a área da SJD recebesse o selo de boa prática e reconhecimento nacional e internacional.
Barreiras vencidas
Segundo dados do governo federal, existem no país mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva (20% são completamente surdos). A surdez no Brasil ainda é um grande desafio, tanto que foi tema da redação do ENEM em 2017. Na ocasião os alunos tiveram que elaborar um texto sobre Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil.
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é desconhecida para a maioria dos brasileiros. Para acabar com essa barreira, a Lei nº 10.436 tornou a Libras a segunda linguagem oficial do país e atribuiu aos órgãos públicos e empresas vinculadas ao governo a obrigação de ajudar na inclusão dos surdos.
Essa iniciativa implantada pelo STJ traz benefícios não só para o Judiciário e os deficientes auditivos, mas para toda a sociedade.