Música e literatura andam de mãos dadas na vida do Júlio Pepe Barradas, servidor do STJ desde 2003, atualmente lotado na Secretaria de Comunicação Social, e um apaixonado por acordes e letras.
“Comecei a ler muito cedo e sempre gostei de Machado de Assis, Graciliano Ramos e Gabriel García Marques. Além disso, ouvia muito rock, samba e MPB, especialmente Cartola, Paulinho da Viola e Chico Buarque. Acho que minha formação vem daí”, conta Júlio Pepe.
A música...
Nascido em Santos, São Paulo, o servidor diz que é brasiliense de adoção. “Eu nasci em 1972, mas desde 74 moro na capital. Toda a minha formação é candanga”, brinca. Júlio se formou em administração no UNICEUB, mas a vocação artística sempre esteve presente.
Com 10 anos, ele começou a tocar e tornou-se autodidata em música. “Mas não tenho muito orgulho disso. Na verdade, eu me sinto até um pouco ‘analfabeto’, pois não sei ler partituras”, confessa.
Em 1993, Júlio começou a tocar com a banda OsKara, um grupo autoral de Brasília. “Foi um trabalho sério e por um bom tempo eu pensei em me dedicar exclusivamente a ele”, recorda.
A banda gravou o primeiro CD em 1997 e tocava o gênero Pop Rock, com elementos de samba e MPB. Em 1998, veio o segundo CD e, por quase 7 anos, o grupo fez vários shows nos estados de São Paulo, Rio e Minas. A banda OsKara abriu shows de várias bandas famosas, como Ira, Capital Inicial, Jota Quest, O Rappa e Maskavo Roots.
“Nessa época trabalhamos com alguns produtores musicais famosos na cidade, como Tom Capone e o Mayrton Bahia, que trabalhou com o Legião Urbana”, explica.
O legado...
A banda se desfez em 1998, mas uma música composta na época, Saudade da Semana Inteira, foi usada no documentário Última Transmissão. O filme de 2011 trata da última transmissão do programa radiofônico Repórter Esso, interrompido em 1968 pela ditadura.
“Fui o compositor dessa música e tenho muito orgulho dela ser a trilha do documentário. A versão usada foi uma adaptação que eu fiz no estilo MPB”, relata.
Segundo Júlio Pepe, a banda fazia um trabalho autoral o que tornava difícil manter o grupo. “Fazer um trabalho independente é sempre mais difícil, mas foi uma grande experiência”, relembra.
Em 2014, a banda recomeçou a tocar em vários espaços de Brasília, agora com o nome Birinaite.
O autor...
Depois da banda, Júlio Pepe continuou fazendo um trabalho mais autoral com música, com composições próprias no gênero MPB, e gravou quatro CDs. Um desses trabalhos, Velho Abrigo, teve apoio da Secretaria de Cultura do DF e a participação de vários artistas da cidade. “Esse trabalho recebeu o prêmio ‘Tributo Terra Brasilis’ do SESC, com a música ‘Morro’, interpretada por Gisele Medrado”, destaca.
Outro trabalho que reuniu artistas da cidade foi o CD Passos de Edwiges, em 2007. “Esses trabalhos tocam na Rádio Nacional FM de Brasília e também podem ser ouvidos na internet”, diz.
E as Letras!
O ramo surgiu como algo paralelo à música, mas logo Júlio começou a escrever. “Sempre gostei de compor e ler, mas comecei a escrever mais tarde, quando venci um concurso em 2007”, recorda. Nesse ano, o colega ganhou o primeiro lugar no concurso Internacionalizando o Jovem Escritor, realizado em Vespasiano (MG), com o conto O Apóstolo do Cariri.
O livro também recebeu o 1º lugar no XII Concurso de Poesias, Contos e Crônicas em Cruz Alta (RS) e, em 2008, ganhou o Troféu Machado de Assis no IV Concurso Nacional de Contos de Cordeiro (RJ). Como autor, participou de várias coletâneas, como Deslizes e Vitórias, e a mais recente, em 2016, com Sentimentos e Razões.
“Este ano, eu publiquei uma coletânea só com meus contos, chamada Relatos Improváveis. Dá para baixar no site da Amazon”, informa.
Ele lembra que, no começo, pensava na literatura como um caminho para bancar a música, mas com o tempo se tornou algo independente que, muitas vezes, o absorve mais do que a atividade de compositor. “Gosto de misturar situações cotidianas com a ficção e às vezes caio para o realismo fantástico. Também gosto de contos com elementos de mistério”, destaca Júlio.
Tudo isso é só um pouco do nosso colega Júlio Pepe. Se você quiser conhecer melhor o seu trabalho musical e literário, acesse aqui o site dele.
Reportagem: Fabrício Azevedo
Edição: Karla Bezerra
Fotos: arquivo pessoal, Andrea Vieira e Sérgio Amaral