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27 de abril de 2022 - ed. 1833

Os 20 anos do Código Civil em discussão
 

O Superior Tribunal de Justiça sediou nessa terça-feira (26) o seminário STJ e os 20 anos do Código Civil Brasileiro. Promovido pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (Ieja), o evento busca promover o debate sobre a aplicação do Código Civil nas últimas duas décadas e a importância da jurisprudência do Tribunal da Cidadania a respeito de seus dispositivos.

A programação se desenvolve no auditório externo da corte, de forma híbrida, com alguns palestrantes presentes e outros on-line. As palestras estão sendo transmitidas em tempo real pelos canais do STJ e do Ieja no YouTube.

Na abertura, o presidente do tribunal e do Conselho da Justiça Federal (CJF), ministro Humberto Martins, ressaltou a necessidade de constante atualização da interpretação do Código Civil de 2002 diante das mudanças sociais e econômicas, com destaque para os impactos provocados pela pandemia da Covid-19. Martins assinalou que outro fator de transformação é o fenômeno de constitucionalização do direito civil no país.

"A família, os contratos, a sucessão e a propriedade foram englobados pelo corpo constitucional, todos sob o prisma da dignidade da pessoa humana, que passa a ser o centro do ordenamento jurídico, e o Estado assume como finalidade a busca pela justiça material", afirmou.

O presidente do STJ participou ainda do painel O Parlamento e o Código Civil, presidido pelo coordenador científico do seminário, ministro Luis Felipe Salomão. Além do ministro Humberto Martins, discutiram o tema o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

"O parlamento sempre esteve atento – ao lado do Poder Judiciário – à necessidade de reforma da legislação civil e de todas as leis que possam trazer paz, crescimento, igualdade e liberdade ao povo brasileiro", destacou Martins.

O papel central do STJ na aplicação do Código Civil

Ao discursar na abertura do seminário, o ministro Luis Felipe Salomão classificou o Código Civil como a "Constituição Federal no âmbito da vida privada". O magistrado chamou atenção para o papel central do STJ na consolidação do direito privado.

"São poucas as matérias no campo do direito privado que ascendem ao Supremo Tribunal Federal, de modo que, realmente, o STJ realiza a última interpretação do Código Civil", declarou.

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, enalteceu a contribuição da corte superior para a aplicação do Código Civil por meio da realização das jornadas de direito civil – promovidas pelo CJF em parceria com o STJ, a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).

"O Superior Tribunal de Justiça materializa a sua vocação democrática e abre um espaço de diálogo para que toda a comunidade contribua com a interpretação do Código Civil", disse o advogado.

Leia também: 20 anos do Código Civil, 20 anos das Jornadas de Direito Civil

Ao enfatizar a atuação do STJ nos 20 anos de vigência do código, a presidente do Ieja, Fabiane Oliveira, elencou alguns dos principais precedentes do tribunal na sua interpretação, como o reconhecimento do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Participaram ainda da abertura os ministros Marco Buzzi, Moura Ribeiro e Marco Aurélio Bellizze, além do presidente da OAB do Distrito Federal, Délio Lins e Silva Júnior.

Programação com autoridades e especialistas de áreas diversas

Ministros do STJ, juristas e representantes do Poder Legislativo – entre outras autoridades e especialistas – integram as discussões do seminário.

No painel Direito das Famílias, falam o professor da Universidade de Pernambuco (UPE) Venceslau Tavares e a vice-presidente nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), Maria Berenice Dias, sob a moderação do juiz Atalá Correia, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

Direito Contratual é o tema do segundo painel, que conta com palestras dos ministros Moura Ribeiro e Marco Buzzi, além da chefe do Departamento de Direito Comercial da Universidade de São Paulo (USP), Paula Forgioni; do diretor jurídico da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Vicente de Chiara, e do presidente do Instituto Brasileiro de Direito Contratual (IBDCont), Flávio Tartuce. A mediação é do presidente da câmara de arbitragem Mediation and Arbitration for Recovery and Business (Med Arb RB), Elias Mubarak Júnior.

Na sequência, vem o painel Responsabilidade Civil, com a participação do professor e fundador do Instituto Brasileiro de Responsabilidade Civil (Iberc), Nelson Rosenvald, e da professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Fernanda Schaefer. A presidência dos debates fica por conta da professora Ariane Costa Guimarães, cofundadora do coletivo de advogadas Elas Pedem Vista.

O quarto painel, O Parlamento e o Código Civil, tem como participantes o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o presidente do STJ, ministro Humberto Martins.

O painel de encerramento aborda as Novas Tecnologias e o Direito Civil. Como palestrantes, figuram o ministro Villas Bôas Cueva; a vice-presidente da OAB de Pernambuco e juíza suplente do Tribunal Marítimo, lngrid Zanella; a gerente jurídica e encarregada da Febraban, Crisleine Barboza Yamaji, e a professora da Universidade de Brasília (UnB) Ana Frazão, ex-integrante do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na moderação dos debates está o professor Fabrício da Mota, membro do Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade (CNPD).

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