“Qualquer serviço de saúde não anda sem um corpo de enfermagem forte. Como ainda é uma profissão majoritariamente feminina, a enfermagem empodera as mulheres e ressalta a competência feminina de cuidar”, diz a enfermeira Luísa Rezende Martinello, servidora da Seção de Enfermagem (SENFE/SIS).
A servidora entrou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em maio de 2020 e começou trabalhando na prevenção ao coronavírus entre os servidores. Luísa Rezende foi uma das indicadas na enquete Quais Mulheres Inspiram Você no STJ?, promovida pela Secretaria de Serviços Integrados de Saúde (SIS). A iniciativa faz parte da campanha Desafio Feminino – Retratos, e visa destacar o trabalho e a atuação das servidoras e de outras colaboradoras no Tribunal da Cidadania durante março, o Mês das Mulheres.
Rotina pesada
Luísa Rezende conta que sempre teve uma rotina pesada de estudos. “Eu já estudava para o vestibular no começo do ensino médio. Assim que entrei na faculdade, comecei a estudar para concursos públicos e a fazer um curso técnico na área de saúde”, conta. Segundo a colega, ela chegou a ter uma bursite no quadril pelo tempo sentado estudando. Desde que optou pela enfermagem, pensava numa carreira no Judiciário, pois sabia que a sua profissão seria valorizada.
A enfermagem foi um momento de iluminação para ela. Luísa havia estudado três anos para medicina, mas não conseguia entrar. “Cuidar dos outros e fazer algo com as mãos sempre foi muito importante para mim. Daí, participei de um encontro jovem da Igreja e um dos ‘padrinhos’ sugeriu o curso de enfermagem”, conta. A servidora diz que, durante o segundo ano da faculdade, ela se encontrou. “Comecei a lidar com lesões de pele e me apaixonei. Estou esperando acabar a pandemia para começar uma especialização nessa área”, conta.
Opção pelo STJ
A enfermeira afirma que não esperava passar no STJ e demorou um pouco para “a ficha cair”. Foi classificada entre os 10 primeiros colocados, mas achou que não conseguiria uma vaga – tanto que sequer viu a página dos resultados. “Uma das candidatas desistiu de uma vaga e acabei sendo convocada. Eu trabalhava no Ministério da Saúde, mas era algo da área administrativa. Eu queria algo mais prático”, disse. Pouco depois, foi convocada pelo concurso da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, porém os horários não eram compatíveis. “Eu tinha estudo e me esforçado muito para esse. Mas optei pelo Tribunal, pois sabia que é uma instituição que valoriza muito os servidores”, aponta.
Ela diz que trabalhar agora é ter todo dia uma rotina diferente. “Eu ainda não sei o que é o atendimento normal no STJ. Mas, minhas colegas dizem que esse pode ser o novo normal”, observa. No STJ, ela começou a trabalhar presencialmente no atendimento dos servidores. “No começo, eu fiquei com um pouco de medo, pois ainda moro com meus pais e minha mãe toma imunossupressor. Eu e minha irmã tínhamos todo um esquema de higienização, e no começo eu ficava com muito medo de levar algo para casa”, observa. Com o tempo, desenvolveu cuidados para proteger a família. “A receptividade da equipe da SIS foi muito importante”, explica.
Primeiro impacto
Luísa trabalha na triagem de pacientes suspeitos de Covid-19, tanto no presencial como na caixa de e-mail específica. “Também fazemos o atendimento mais de rotina, como aferição de sinais vitais e fornecimento de remédios”, comenta. Muitas vezes, parte do trabalho é acalmar as pessoas. “Já tive um caso de uma pessoa que tinha suspeita de Covid, tirou a máscara e começou a chorar. A mãe dela era idosa e ela tinha medo de contaminá-la”, conta. Para a enfermeira, nesses momentos é importante ter sensibilidade e orientar o paciente.
Ela ainda vê muita angústia entre os servidores que procuram a SIS. “No começo, havia muitas dúvidas, mas agora muitas pessoas estão com medo, pois pessoas próximas foram contaminadas”, observa.
Um bom lugar
Especializar-se e ganhar mais experiência são algumas das metas dela. “Eu acredito que ainda estou na fase de ganhar experiência e crescer. Mas, me sinto realizada e sei que estou em um bom lugar no STJ”, observa. Ela destaca que o reconhecimento profissional que a Casa oferece é muito importante. “É muito bacana ver a força que as mulheres na enfermagem têm. São mulheres muito emponderadas e com boa formação. Há excelentes profissionais na área que são homens, mas ainda é uma profissão majoritariamente feminina”, aponta. Para ela, a atividade é científica e exige muito trabalho. “As duas coisas devem ter lugar: ser vistas pela capacidade intelectual e valorizar a mulher que exerce essa profissão”, completa.