A Escola Corporativa do STJ (ECORP), em parceria com a Fundação de Previdência Complementar do Poder Judiciário (Funpresp-Jud), promoveu na tarde da última sexta (15) a palestra Conversa só para mulheres: você sabe cuidar do seu dinheiro?. O evento ocorreu no Auditório Externo do STJ e integra as comemorações da Semana da Mulher no Tribunal da Cidadania.
A palestra foi aberta pelo diretor de Administração da Funpresp-Jud, Marco Antônio Martins Garcia. “Mulheres têm uma atitude que leva a realizar sonhos e um instinto para defender e cuidar das famílias. Elas são guerreiras”, acrescentou. Ele também lembrou que deve ser uma preocupação das mulheres – e dos servidores de modo geral – se preparar para a aposentadoria, especialmente no momento atual.
A palestrante Caroline Sandler, jornalista, autora de livros de ajuda financeira e formada em economia na França, destacou ser a sua missão realizar palestras voltadas para as mulheres. “Para mim, educação financeira é um instrumento poderoso para a melhoria de qualidade de vida e empoderamento feminino”, afirmou.
Segundo os estudiosos, a educação financeira seria mais eficiente se fosse segmentada. “Mas há pouca literatura voltada para mulheres e, na verdade, somos novatas nesse assunto. No Brasil, só tivemos o direito a CPF, abrir contas individuais e trabalhar sem autorização dos maridos na década de 1960”, observou. Mesmo assim, tradicionalmente, as mulheres têm um papel central na tomada de decisões para grandes compras, como apartamentos, carros e outros. “Por isso educação financeira é essencial. É um investimento”, destacou.
Classificando os gastos
O primeiro passo no controle financeiro é evitar a negação. “Isso cria vulnerabilidade e não resolve os problemas. Admitir e classificar o débito é o primeiro passo para lidar com ele. Ignorar a dívida não faz ela ir embora”, asseverou Sandler. Ela esclareceu que faz a separação dos gastos em quatro categorias: 1) Essenciais; 2) Supérfluos; 3) Reserva; e 4) Boletos (dívidas).
Os essenciais são os gastos necessários para viver, que não podem deixar de ser pagos, como luz, condomínio, alimentação e outros. Supérfluos são os adiáveis ou dispensáveis, como uma terceira bolsa ou mais um par de sapatos.
“Não é necessário cortar todos os prazeres de consumo. Mas devemos ter cuidado com a ‘inflação do nível de vida’, tornando o que antes era supérfluo em essencial”, observou. Reserva é o que deve ser poupado todo mês e servirá de base para investimentos e sonhos, e não deve ser visto como uma “sobra”. Por fim, os boletos ou dívidas são os débitos mais pesados, com juros e tendência de crescer.
Quitando os débitos
Quitar as dívidas é um passo essencial para a autonomia financeira. “O primeiro passo é listar as dívidas e suas taxas de juros. Comece pagando as com maior juros e renegocie com os credores. É sempre possível conseguir um bom desconto, e não tenha medo de pedi-lo. Se não for possível negociar, tente refinanciar com juros menores”, aconselhou a palestrante. Ela também observou que é importante pensar em longo prazo, investindo em um bom fundo de aposentadoria, na casa própria ou um segundo imóvel.
Uma das participantes do evento foi Liana Raimundo de Lima, servidora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Ela contou que veio para a palestra porque acredita que precisa ter mais controle sobre suas finanças. “Gostei muito da abordagem, com uma perspectiva da realidade feminina. Acho que essas informações não são importantes só para as mulheres do Judiciário, mas para todas as brasileiras”, apontou.
Isabelle Spina Pitel, servidora da Assessoria de Cerimonial e Relações Públicas (ACR), observou que essa ênfase no feminino é muito importante, pois boa parte do comércio é focado nas mulheres. “O autoengano é muito comum, e parcelar compras, pegar empréstimos para supérfluos pode ser uma bola de neve”, afirmou. Ela diz que há cerca de seis anos pegou um empréstimo e ficou com uma dívida alta, acima de R$ 50 mil. “Eu consegui pagar esse valor após vender um apartamento. Depois dessa palestra, desisti de um empréstimo que estava pensando em pegar”, contou.
Após a palestra, Carolina Sandler observou que as mulheres devem buscar mais informações, já que as estatísticas dos sites de finanças mostram que as pessoas que os acessam são 80% homens. “Elas também devem se preocupar com suas aposentadorias. Um estudo dos EUA mostrou que quase 80% das viúvas pobres chegaram a essa condição após a morte de seus companheiros. Uma renda complementar pode fazer toda a diferença”, afirmou.
Para saber mais, acesse os sites da Finanças Femininas e da Funpresp-Jud.