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21 de outubro de 2016 - ed. 505

Queremos falar de nós
 

Foi em um reencontro na Praça do Servidor, durante a abertura do Outubro Rosa no STJ, que as colegas Rosa Carvalho, coordenadora da Biblioteca, e Selma Bandeira, da Coordenadoria de Taquigrafia e Multimídia, sentiram aflorar suas emoções e sentimentos.

Tendo passado pela experiência de terem sido diagnosticadas com câncer de mama, elas resolveram dividir com os colegas suas histórias e transformá-las em um dueto de amor à vida e de lições valiosas. “Temos que passar o nosso exemplo para quem for atravessar por um problema desse saber que é possível reagir e atravessá-lo bem”, inicia Rosa Carvalho.

“Quando encontrei a Rosa na apresentação do Outubro Rosa começamos a trocar experiências. Eu não sabia que tínhamos vivido a mesma história praticamente no mesmo período, então, conversamos sobre essa ideia”, recorda Selma. 

Foi assim que eu soube

Nos anos de 2004 e 2005, Selma e Rosa trabalharam juntas na Secretaria de Documentação, mas, em seguida, separaram-se para tomar novos rumos profissionais no STJ. De lá para cá, vida normal: marido, filhos, trabalho, enfim, a rotina seguia seu curso até que, em 2015, ambas se depararam com a interpretação médica de um laudo mamográfico. “Fiz o Exame Periódico de Saúde e, então, apareceram lesões, calcificações no ducto mamário”, lembra Rosa Carvalho.

Sem que uma soubesse da outra, poucos meses depois, Selma Bandeira ouviria seu diagnóstico também resultante de periódico. “Fiz a mamografia e a ecografia. A médica olhou a ecografia, achou algo estranho e pediu a mamografia para tirar algumas dúvidas”, conta a colega da Taquigrafia. Assim foi feito e, após o pedido de exames investigatórios, Selma, que estava em meio à agitação do movimento grevista do Judiciário, precisou recuar para atender a uma outra reinvindicação que, naquele momento, o seu próprio corpo fazia.

Hora de acreditar no tratamento

Descobrir um câncer de mama não é, obviamente, motivo para comemoração, mas ter o conhecimento precoce da doença é fundamental e uma oportunidade de combatê-la de pé. “Diagnóstico é tudo. Meu marido, que é médico me dizia, ‘você não está doente, você vai fazer um tratamento’. Existe o problema? Existe. Então, vamos procurar resolver e viver”, disse Rosa Carvalho.

Para Selma, lidar repentinamente com a situação, foi uma batalha interior. “Quando é uma coisa desconhecida você realmente se abala. Chorei muito, mas minha família sempre esteve comigo em todos os momentos. A médica que fez a ecografia mamária foi um anjo e o médico que cuidou de mim foi fantástico. O tribunal me ajudou muito, tive todo o apoio da Secretaria de Serviços Integrados de Saúde e minhas colegas de trabalho me deram muito carinho e fizeram orações. Deus esteve presente o tempo todo”, reconhece a colega da Taquigrafia.

Com força e otimismo, Rosa e Selma procuraram seguir as orientações médicas. Elas passaram por todas as etapas necessárias para superar o problema. No rol das providências, as colegas submeteram-se à cirurgia de retirada das mamas e colocação de próteses, a tratamentos de quimioterapia e radioterapia, com a inevitável queda dos cabelos, dos cílios e das sobrancelhas.

Entretanto, por mais que toda essa fase possa parecer difícil, é preciso pensar, segundo Rosa, que tudo passa. “O cabelo volta, você tem um revigoramento celular porque aquelas células morrem e vão nascer novas. Então, tem algo positivo, é como se fosse um recall, um Control-Alt-Del, em que você está reiniciando”,  estimula a servidora, que já está de volta à rotina. “Já retomei tudo: trabalho, academia, levar menino para a escola, minha atividade voluntária e meu grupo de oração”, orgulha-se a colega da Biblioteca.

Olhar em volta e enxergar além

Rosa Carvalho confessa que o trabalho ocupava, quase que integralmente, sua mente e seu tempo. “Sempre fui um trator. Hoje, avalio melhor e, muitas vezes, digo ‘hoje, isso pode esperar’. Percebi também que eu não estava dando o devido valor da felicidade dos momentos com a família. Também aprendi a me alegrar mais com a vida e a valorizar mais os amigos. Se eu não tivesse passado por essa situação, não teria parado e refletido sobre isso. Então, é um cartão amarelo que a gente recebe da vida”, avalia a coordenadora.

Bendito exame

Para a colega da Taquigrafia, levar a sério a realização dos exames do periódico é uma atitude necessária que pode salvar vidas. “Temos que dar graças a Deus por termos um periódico que nos obriga a ir e nos diz assim ‘olha, você tem que dar um tempo na sua vida e ir lá', lembra Selma.

Rosa assina embaixo e acrescenta. “O periódico é um exame bacana, que nos ajuda a diagnosticar se houver um problema no início. E se houver, que a gente enfrente. A medicina evoluiu bastante, você passa pela cirurgia sem sentir dor, é tudo muito controlado e pensado no bem-estar da mulher. Então, faça todo seu tratamento e continue sorrindo para a vida, mantenha as coisas que te dão prazer, que trazem alegria, que beneficiam os outros. Quanto mais próximo da sua vida normal, melhor, e o contato com a natureza é tudo de bom. Reaproximar-se de Deus é recarregar as baterias, busque seus apoios e não se entregue”, incentiva Rosa Carvalho.

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Prevenção, luta e fé

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História Real.

 

Fotos: Gustavo Lima

Reportagem: Márcia Romão

 

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