A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um sistema utilizado por pessoas com deficiências auditivas para se comunicar. Em agosto e setembro últimos, o STJ ofereceu o curso Língua Brasileira de Sinais – Libras – Módulo Introdutório, promovido pela Seção de Aprimoramento Estratégico e Técnico-Administrativo (Saest/SGP).
Segundo Aparecido Henrique de Melo, um dos coordenadores do curso e servidor da Saest, a capacitação foi uma demanda do Programa Semear Inclusão, da Secretaria de Serviços Integrados de Saúde (SIS).
Ele afirmou que a iniciativa atendeu a determinação legal do Decreto 5626 de 2005 que prevê um mínimo 5% dos servidores e demais funcionários de órgãos públicos capacitados em Libras. “A medida está prevista, também, na Resolução 230 de 2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que trata da acessibilidade do Judiciário a pessoas com deficiência”, acrescentou.
Aparecido Henrique esclareceu, ainda, que o STJ deu um passo importante para atender essas determinações legais e aumentar a integração. “Temos um grupo de terceirizados surdos que trabalham no tribunal há um bom tempo. Integrá-los é um ponto importante para nossas políticas sociais”, elucidou.
Construindo pontes
A ministra Nancy Andrighi, presidente da Comissão de Inclusão do STJ, destacou a importância desse tipo de curso para promover uma real integração. “Como podemos integrá-los se não sabemos nem falar com eles?”, questionou. Ela apontou como uma vitória da cidadania as novas legislações visando facilitar a acessibilidade das pessoas com deficiência. “Preciso conseguir tempo para aprender Libras”, ela brincou.
Simone Pinheiro Machado, servidora da Seção de Apoio Administrativo da SIS e gestora do Programa Semear Inclusão do STJ, destacou que o curso foi um sucesso, com todas as vagas preenchidas e ainda uma lista de espera. “A reação dos participantes foi muito positiva e deu um bom retorno”.
A gestora informou que 15 milhões de brasileiros têm alguma deficiência auditiva e 1% deles com surdez total. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 10% da população tem algum nível de perda de audição.
“No STJ temos em torno de 160 pessoas com deficiência, a maioria com perda total de audição. A linguagem em libras é a forma de nos comunicarmos com os surdos e também é uma forma de autodesenvolvimento”, salientou. Ela lembrou ainda que a libras é a segunda língua oficial do país.
Quebrando barreiras
O instrutor do curso, Cláudio Alves de Souza, da Seção Educativa e Social (Seduc/SED), revelou que o interesse pela língua começou quando fez amizade com algumas pessoas surdas. “Depois eu me casei com uma mulher com deficiência auditiva e resolvi me aperfeiçoar”, revelou.
Cláudio Alves constatou que o curso dado no STJ foi introdutório, com termos básicos como apresentações, dias do calendário e expressões voltadas ao trabalho. “Para um curso mais detalhado seriam necessárias entre 70 a 100 horas/aula. O nosso teve 30 horas, então tentamos ser o mais prático possível”, esclareceu. Na metade do curso, os deficientes auditivos que trabalham no tribunal participaram da capacitação para praticar com os servidores.
Segundo o instrutor esse tipo de atividade é importante para quebrar a barreira mental que as pessoas têm em aprender. “Estudar Libras é como estudar qualquer idioma. Se as pessoas aprendessem Libras, seria até mais fácil aprender outras línguas”, explicitou. Para Cláudio Alves a linguagem de sinais pode até tornar as pessoas mais proativas para se comunicar.
Avançando em Libras
Uma das participantes do curso, Maria Elisa Barbosa Duarte, lotada na Seção de Gestão de Desempenho e Desenvolvimento na Carreira (Sedec/SGP), ratificou que a Libras realmente é como outra língua.
“A estrutura é um pouco diferente do português, mas vale a pena. Acho que os órgãos públicos deveriam investir mais nesses cursos”, opinou. Ela se interessou pelo curso porque tinha uma colega surda na UnB. “Além disso, temos colaboradores e usuários que precisam de pessoas com esse conhecimento”, avaliou.
Um dos sinais que Maria Elisa gostou de conhecer foi o de “grávida”. “A pessoa faz um semicírculo em frente ao indicador apontado para cima. Achei muito interessante”, salientou. Segundo ela, os participantes gostaram muito e estão interessados em participar dos módulos mais avançados.
De acordo com Aparecido Henrique, o desejo da colega pode ser atendido em breve. “Para 2017, está em estudo a realização de nova turma de introdução a Libras e um módulo mais avançado”.
Mais informações com a Saest pelo ramal 9712 ou 9978.
Para saber mais: Dicionário de Libras.
Reportagem: Fabrício Azevedo
Fotos: Gustvo Lima
Edição: Karla Bezerra